sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Sobre o Colegiado de Desenvolvimento Território do Maciço de Baturité

O TERRITÓRIO

  • Características Estratégicas
  • Formação Histórica
  • População Rural e Urbana

2 CARACTERÍSTICAS ESTRATÉGICAS DA LOCALIZAÇÃO

O Instituto de Pesquisa e Estratégia do Ceará (IPECE) com o objetivo de obter um planejamento mais eficaz e um maior aperfeiçoamento na aplicação dos recursos destinados aos territórios elaborou uma nova regionalização para o Estado do Ceará, sendo esta composta por 13 regiões territoriais.




Figura 1: Mapa de Identificação do TerritórioFonte: IPECE, 2009.

A Figura 1 mostra os municípios que compõem Território Maciço de Baturité que por sua vez foi dividido em três micro territórios, denominados: Micro Território I composto pelos municípios de Palmácia, Pacoti, Guaramiranga, Mulungu e Aratuba, pelo Micro Território II formado pelos municípios de Baturité, Capistrano, Itapiúna, Aracoiaba, Redenção e Acarape. E pelo Micro Território III que contempla os municípios de Ocara e Barreira.

O Território Maciço de Baturité com uma área de 3.709 km², tendo como limites ao Norte: os municípios de Maranguape, Guaiba, Pacajus e Chorozinho; ao Sul: os municípios de Choro, Quixada e Ibaretama ao Leste: o município de Cascavel, e a Oeste: os municípios de Caridade e Canindé.

Seus municípios ficam em média distantes cerca de 100 km, ao sul da Cidade de Fortaleza, e o acesso entre os municípios além da BR-222 é feito também pelas CE-168, CE-71, CE- 085, CE-368, CE-362, CE-354, e CE-178.

A Tabela 1 mostra os municípios do Território Maciço de Baturité, as distâncias entre eles e a capital do Ceará, Fortaleza, e as rodovias que são as principais vias de acessos onde trafegam a população e são escoadas as produções locais.


Tabela 1. Vias de acesso aos municípios e distância à Fortaleza




As principais vias de acesso à Região do Maciço de Baturité, que fazem parte da malha de mobilidade do Maciço de Baturité são: CE-060 (Fortaleza / Aracoiaba), o trecho correspondente à ligação Aracoiaba / Itapiúna; CE-356 (Aracoiaba /Baturité); CE-065 (Aratuba / Mulungu / Guaramiranga / Pacoti / Palmácia); e CE-354 (Acarape / Barreira).

A mobilidade de acesso entre a maioria destes municípios é possível, unicamente, através do transporte rodoviário. As rodovias estaduais CE-060, CE- 065 e CE-356, protagonizam as principais ligações entre eles.

As rodovias estaduais CE-253, CE-257 e CE-354 fazem parte da acessibilidade entre os municípios da Região, mas estão incompletas ou em precárias condições de utilização. A CE-257 liga os municípios de Aratuba a Capistrano e Ocara à CE-359. A CE-253 faz a ligação entre os municípios de Pacoti e Redenção e a CE-354 liga os municípios de Acarape, Barreira e Chorozinho à BR- 116.

2.1 Sistema de Trilhas de Pedestres

Nos municípios de Guaramiranga e Pacoti existem algumas trilhas de turismo ecológico, mas de propriedade particular. Geralmente não possuem infra-estrutura adequada ao desenvolvimento do esporte ecológico.

No entanto, este tipo de equipamento pode ser desenvolvido pelos municípios da Região, pois a topografia da área é característica para seu uso.

2.2 Condições atuais da Infra-estrutura Rodoviária

As principais vias de acesso à Região do Maciço de Baturité, encontram-se em bom estado de conservação e sinalização. A seguir, estão descritas todas as rodovias que fazem parte da malha de mobilidade do Maciço de Baturité, juntamente com suas condições infra-estruturais:

 CE-060 (Fortaleza / Aracoiaba), conta com pavimentação em ótimas condições de conservação e excelente sinalização horizontal e vertical. O trecho correspondente à ligação Aracoiaba / Itapiúna, apresenta pavimento em boas condições de conservação e regular sinalização;

 CE-356 (Aracoiaba / Baturité), com a pavimentação em bom estado de conservação e sinalização, mas com dimensões de acostamento inadequadas;

 CE-065 (Aratuba / Mulungu / Guaramiranga / Pacoti / Palmácia), o pavimento encontra-se em boas condições de conservação, mas com dimensões de acostamento inadequadas. No trecho Palmácia / Ladeira Grande, a CE-065 apresenta estado muito precário, com a pavimentação mal conservada. Neste trecho a pista possui seção reduzida, além de ser desprovida de uma sinalização eficiente, o que a torna uma rodovia perigosa para o tráfego; e

 CE-354 (Acarape / Barreira), com o pavimento em boas condições de conservação e sinalização horizontal e vertical regular.

Quanto ao estado de conservação das estradas vicinais da Região do Maciço de Baturité, estas podem ser classificadas como sendo a maioria carroçáveis e algumas passagens molhadas.

3 FORMAÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO

O início do processo data no ano de 1702, quando foi concedida a primeira sesmaria na área do Município de Redenção (Acarape), na Serra do Acará, no Poço Paracupeba. Entretanto as terras do Maciço continuaram sem uma efetiva ocupação até a segunda década do século XVIII, quando foi ocupada parte da região atualmente denominada Aracoiaba.

Várias sesmarias foram concedidas na Serra de Baturité entre os anos de 1718 a 1736. Em 1738 foi tomada a parte poente da serra, na região da atual Aratuba. Em 1740, os irmãos Arnáu, Sebastião e Cristóvão Holanda, junto com Manoel Ferreira da Silva, viúvo de Maria Trindade Holanda habitaram, temporariamente, a Serra. Os descendentes destes pioneiros são alguns dos responsáveis pela colonização de grande parte do Maciço de Baturité. Muitos de seus quintos e sextos netos, ainda têm propriedades em Aratuba, Baturité, Guaramiranga, Mulungu e Pacoti.

Em 1758 nasceu a missão Nossa Senhora de Palma, através do alvará que a transformou em freguesia em 1762. Em 1764 foi fundada a Vila Real, com território abrangendo toda a vertente ocidental da Serra de Baturité, exceto Ocara e Palmácia, cujos territórios pertenciam a Quixadá e Maranguape, respectivamente.

O nome Barturité foi adotado em 1841, com a Lei Nº. 226, quando foi criada a Comarca com sede na Vila de Baturité e jurisdição sobre todo o território de Canindé e Imperatriz, atual Itapipoca. Em agosto de 1858, a Vila de Baturité foi elevada à categoria de cidade. Baturité, de meados da década de 60 até os finais do século XIX, acompanhava o ritmo geral de desenvolvimento do Ceará, sem dúvida, impulsionado por dois fatos relevantes. Primeiro, o longo período praticamente sem secas, entre 1845 e 1877. Segundo, nos anos da Guerra da Secessão nos Estados Unidos, de 1861 a 1865, que aumentara fortemente o comércio do algodão com a Inglaterra, temporariamente privada do produto americano.

O Ceará revelava-se propício ao cultivo de algodão, que antes era utilizado apenas para artefatos indígenas ou para confecção de tecidos rústicos usados pelos escravos. Em pouco tempo, sua produção suplantou a das províncias vizinhas, atingindo alta cotação internacional. Em parte do Maciço e no Sertão de Canindé, a cotonicultura aliada à criação de gado foi largamente difundida e a região teve rápida expansão econômica. A antiga Montemor e atual Cidade de Baturité passaram a ser ponto de convergência regional.

Os primeiros sesmeiros que se estabeleceram na Região do Maciço, sendo originários de Pernambuco, introduziram na área a cultura da cana-de-açúcar e a partir de 1740, começaram a surgir as primeiras usinas de açúcar, que, segundo alguns historiadores, localizavam-se na área de Redenção.

Outro fator histórico de grande repercussão nacional foi a libertação antecipada dos escravos no Município de Redenção, antes denominado Acarape, que foi desmembrado de Baturité. O município foi criado em 1868, com sede no núcleo Acarape, elevado na ocasião à categoria de vila, com a instalação da Câmara Municipal ocorrendo em 1871, tendo sido o quadragésimo segundo Município a ser criado no Estado do Ceará.

Nesse mesmo dia foi assinada lei autorizando o Presidente da Província, Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo, a despender, anualmente, quinze mil réis com a libertação de escravos, preferencialmente mulheres. Em 1882, era fundada a Sociedade Redentora Acarapense e em 1883 foi feita comunicação ao Imperador, da abolição da escravatura no Município.

Acarape passou a se chamar Redenção em homenagem ao fato de ter sido a primeira vila brasileira a libertar totalmente os seus escravos negros, fato esse que aconteceu em 1889. O topônimo Acarape foi dado em 1926 ao antigo distrito de Cala-Boca.

A partir da segunda década do século XIX, vários fatores passam a favorecer a ocupação progressiva da Serra de Baturité. Essa década foi marcada por intensa divergência política e ideológica acentuada em violentas batalhas entre brasileiros e portugueses, entre monarquistas e republicanos. Além disso, havia uma incidência de peste.

Em 1817, aconteceu a revolta republicana apoiada pelos Alencar; em 1822, a Independência; em 1823, a dissolução da Assembléia Constituinte e em 1824 a Confederação do Equador, além da seca e epidemia de varíola.

É nesse contexto que surgem as primeiras experiências de plantio de café no Estado. De acordo com Senador Pompeu, as primeiras sementes do café chegaram ao Ceará através da Serra do Araripe em 1822, e dali se mandaram algumas para o Capitão Antônio Pereira de Queiroz Sobrinho, que as plantou no Sítio Munguaípe, na Serra de Baturité. Logo depois, em 1824, Felipe Castelo Branco, também realiza experiência com o plantio de café no Sítio Bagaço, posteriormente denominado Correntes, no atual Município de Guaramiranga.

A partir dos sítios de café consolidaram-se as povoações que deram lugar ao conjunto das atuais cidades da Região. Dessa forma começa também o processo de agressão ambiental, onde a floresta tropical passa a ser desmatada de forma predatória, tanto para possibilitar a agricultura, bem como a manipulação da madeira para geração de energia e sua utilização em atividades construtivas.

Desta feita a Região do Maciço de Baturité teve sua configuração iniciada, portanto, a partir do século XVII, e tal como hoje é percebida, inclui 13 cidades, várias vilas e distritos, formando uma verdadeira rede urbana, distribuída pelos municípios de Baturité, Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Capistrano, Guaramiranga, Itapiúna, Mulungu, Ocara, Pacoti, Palmácia e Redenção.

4 POPULAÇÃO RURAL E URBANA

A população do Território conta com uma população geral de 210.317 habitantes. Na zona urbana estão 94.974 pessoas (45,16%), enquanto na zona rural residem 115.343 pessoas (54,84%) e apresenta uma densidade demográfica média de 56,08 hab/km².

Quanto à distribuição da população entre as áreas rural e urbana, a maior incidência está na área rural com 54,84%; enquanto na urbana concentra-se 45,16% da população total.

Tabela 2: Área dos municípios, População Residente (Total, Rural e Urbana - 2000) e densidade demográfica


As informações acima tratadas tomam como base a metodologia oficial adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE que considera como urbana toda sede municipal, independentemente do número de seus habitantes e das funções que a aglomeração exerce efetivamente.

Ao se aplicar, porém, a metodologia utilizada pela OCDE que leva em conta além do critério populacional a densidade demográfica, os resultados a que se chegam são levemente distintos. Tomando como referência, os estudos de José Eli da Veiga que se baseiam na metodologia da OCDE e no estudo “Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil”, concluído em 1999 por equipes do IBGE, do IPEA e da Unicamp, são rurais os municípios de pequeno porte que possuem até 50 mil habitantes e menos de 80 hab /km²; e de médio porte os que registram uma população no intervalo de 50 a 100 mil habitantes, ou cuja densidade supere os 80 hab/km², mesmo que tenham menos de 50 mil habitantes; e de fato centros urbanos os municípios com mais de 100 mil habitantes. De acordo com esses critérios, o Brasil essencialmente rural é formado por 80% dos municípios, onde residem aproximadamente 30% da população brasileira. Isso representa, portanto, 4.485 municípios brasileiros, que seriam municípios rurais.

A adoção desses critérios permite verificar que todos os municípios em questão podem ser considerados municípios rurais, pois todos têm população menor que 100 mil habitantes, dez destes municípios são de pequeno porte, portanto rurais e apenas três deles, Acarape, Baturité e Redenção, com densidade superior a 80 hab/km², podem ser considerados de médio porte. Ressalta-se que os municípios de Capistrano e Pacoti, embora com densidade demográfica acima de 80 hab/km², detêm em ambos os casos, mais de 65% de suas populações em área rural, o que possibilita sua caracterização.



Fonte: Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável – PTDRS.